sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Primeiro Corte

Aprendi com você que nem sempre a gente tem que dizer "é brincadeira" no final de uma piada, por mais absurda que ela possa parecer. Afinal, pra que quebrar o clima de espanto antes da hora? Sustentar a tensão, deixar o outro acreditar, ou mesmo ficar na dúvida por algum tempo, é um dos temperos que transformam a vida de insosa em gostosa. Nós, homens pseudodesenvolvidos e inteligentes demais do século XXI, e a nossa mania de abreviar o tempo. Guardamos rápido nossas coisas, desligamos o computador em 1 segundo, saímos correndo do trabalho e andamos apressados pra chegar em casa logo, ainda que a gente tenha 22 anos, filho algum nos esperando e... pra que, mesmo? Ontem eu experimentei andar devagar e quanto da vida eu vi com outros olhos, esses que você treinou sem saber. Deixei brincadeiras soltas e pude degustar a reação das pessoas. É muito mais interessante avisar que eu não estava falando sério depois de me divertir com as respostas incrédulas, abismadas, desesperadas que a minha provocação instigou. Deu tempo até de escrever um livro! É brincadeira. Faz tanto que a gente não se vê, mas da pra ter certeza que nosso próximo encontro vai ser tão gostoso quanto foi o último, acontecido há uma quantidade de meses atrás que não importa. Nada vai fazer diferença quando você começar a descrever seu desgosto gratuito por alguém. Você me disse que não precisamos gostar de todo mundo. Achei esquisito, te olhei esquisito — ainda não tinha os olhos treinados —, mas não. Antes não gostar que fingir o mundo de porquês que justifiquem nosso "oi, tudo bem" também gratuito. Por que puxamos assunto mesmo? Você está na seleta listas de pessoas que eu realmente gosto e com quem quero estar junto, mas entrou só depois que eu tive certeza de estar na sua. Bom, pelo menos você ainda não disse que é brincadeira. E se for, o que é que tem? A gente não precisa gostar de todo mundo mesmo.

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